quarta-feira, 22 de julho de 2020

6ºANO-pg12-MÚSICA-Situação de Aprendizagem I- Atividade 2- Apreciação- MÚSICA FOLCLÓRICA- CANTO LÍRICO- UIRAPURÚ- COMPOSITOR DO PARÁ - WALDEMAR HENRIQUE

  CANTO LÍRICO  - Lírica é a qualidade de algo sentimental, que se destaca pelo seu excessivo sentimentalismo. Este adjetivo costuma ser utilizado para se referir ao gênero literário composto pelo uso do canto e da música, onde o autor da obra utiliza-se do “eu-lírico” para expor intensas emoções e sentimentos no texto. 
   
 Interpretação da música regional da Amazônia. Esta é uma obra de Waldemar Henrique (Belém, 1910-1990), compositor paraense de grande relevância, que mereceu o reconhecimento da crítica especializada pela alta qualidade de suas composições e pela maneira sensível com que retratou a Amazônia.

A LENDA 

Havia, no Sul do Brasil, uma tribo de índios cujo cacique era amado por duas jovens muito bonitas. Não sabendo qual delas escolher para esposa, o jovem cacique prometeu que se casaria com aquela que tivesse melhor pontaria. Assim sendo, fez-se uma competição e as duas jovens atiraram suas flechas, mas só uma delas acertou o alvo e casou-se com o cacique. A jovem que perdeu a prova se chamava Oribicy. Ela chorou tanto por ter perdido seu amado, que suas lágrimas formaram um córrego. Sua tristeza era tanta, que pediu a Tupã que a transformasse num passarinho para que ela pudesse visitar seu amado sem ser reconhecida. Tupã realizou o desejo da moça e Oribicy, com sua nova forma, voou até o amado. Para sua grande tristeza, constatou na visita que o cacique vivia muito feliz com sua jovem esposa. Oribicy resolveu ir embora e voou para o Norte. Tupã, para consolá-la, deu-lhe um canto especial, que a faria esquecer sua dor enquanto o entoasse e atrairia quem quer que o escutasse. Assim, a jovem não ficaria solitária.

É por isso que o uirapuru, o pássaro que não é pássaro, vive a cantar e a atrair com seu canto todos os que o ouvem. Esse fenômeno acontece realmente. Na floresta, mesmo se todos os pássaros estão a cantar enchendo o ar de melodias e gritos diversos, quando o pequeno e cinzento uirapuru inicia seu canto, todos os outros silenciam e, o que é ainda mais interessante, vêm depositar aos seus pés oferendas: sementes, galhos, alimento.

 CANTO LÍRICO  - Lírica é a qualidade de algo sentimental, que se destaca pelo seu excessivo sentimentalismo. Este adjetivo costuma ser utilizado para se referir ao gênero literário composto pelo uso do canto e da música, onde o autor da obra utiliza-se do “eu-lírico” para expor intensas emoções e sentimentos no texto.     




                  UIRAPURU

Certa vez de montaria    -
Eu descia um Paraná
O caboclo que remava
Não parava de falar, ah, ah
Não parava de falar, ah, ah                           
Que caboclo falador!

Me contou do lobisomen
Da mãe-d'água, do tajá
Disse do jurataí
Que se ri pro luar, ah, ah
Que se ri pro luar, ah, ah
Que caboclo falador!

Que mangava de visagem
Que matou surucucú
E jurou com pavulagem
Que pegou uirapuru, ah, ah
Que caboclo tentadô

Caboclinho, meu amor
Arranja um pra mim
Ando roxo pra pegar
Unzinho assim

O diabo foi-se embora
Não quis me dar
Vou juntar meu dinheirinho
Pra poder comprar

Mas no dia que eu comprar
O caboclo vai sofrer
Eu vou desassossegar
O seu bem querer, ah, ah
Ora deixa isso pra lá

Análise do texto

Nesse texto, feito especialmente para a música, aparecem muitas palavras de uso regional e

 algumas que estão fora do vocabulário usual de hoje:

  • "Montaria" (verso 1): canoa ligeira feita de um só bloco de madeira.

  • "Paraná" (verso 2): braço de rio.

  • "Lobisomi" (verso 7): lobisomem.

  • Mãi-d'água (verso 8): figura lendária de bela mulher que mora no fundo do rio e encanta 

  • aqueles que a vêem ou ouvem sua voz, levando-os para as águas profundas de onde não

  •  retornam nunca mais

  • Tajá (verso 8): planta de grandes folhas verdes, sem flor, de muita variedade na Amazônia

  •  e à qual se atribuem poderes mágicos.

  • Jurutahy (verso 9): pássaro que possui um canto triste.

  • Visagem (verso 13): fantasma, aparição.

  • Surucucu (verso 14): cobra de grandes proporções e das mais venenosas da Amazônia.

  • Pavulagem (verso 15): gabolice, fanfarronada.

  • Uirapuru (verso 16): passarinho de canto especial, o artista da floresta.

  • "Rôxa" (verso 21): roxa de vontade, com muita vontade.

  • "Um zinho" (verso 22): só um, apenas um.

 

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