quarta-feira, 22 de julho de 2020

(7º ANO) MÚSICA CLASSICA- AS BACHIANAS BRASILEIRAS - HEITOR VILLA LOBOS

Biografia de Heitor Villa-Lobos

Heitor Villa-Lobos (1887-1959) foi um maestro e compositor brasileiro, considerado um expoente da música erudita no Brasil. Suas peças são executadas no circuito dos mais prestigiados teatros europeus e americanos.

Infância e Adolescência

Heitor Villa-Lobos nasceu no bairro de Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro, no dia 5 de março de 1887. Filho de Raul Villa-Lobos, diretor da Biblioteca do Senado e músico amador, e da dona de casa Noêmia Monteiro, grandes incentivadores dos estudos do filho. Aprendeu com o pai a tocar violão e violoncelo.

Autodidata, com seis anos compôs a primeira peça para violão, baseada em cantigas de roda. Com oito anos começou seu interesse por Bach. Apreciava também os ritmos populares. Conheceu os ritmos nordestinos quando frequentava com o pai a casa de Alberto Brandão, onde se reuniam os cantadores nordestinos. Aprendeu clarinete e saxofone.

Com 12 anos ficou órfão de pai e a família enfrentou dificuldades financeiras. Para sustentar os oito filhos, sua mãe, acostumada à vida social, conseguiu um emprego para lavar e engomar as toalhas e guardanapos da Confeitaria Colombo.

Com 16 anos, Heitor foi morar com uma tia, que lhe ensinou a tocar piano. Encantado com os “chorões”, grupo malvisto pela nata da sociedade, frequentava o Cavaquinho de Ouro, loja de música onde os chorões recebiam convite para se apresentar em diversos lugares.

Primeiras Composições

Em 1905, Villa-Lobos viajou para o Nordeste e extasiou-se com a riqueza do folclore. Em 1907 escreveu “Os Cantos Sertanejos”, para pequena orquestra.

Nessa época, buscando uma formação acadêmica, matriculou-se no curso de Harmonia de Frederico Nascimento, no Instituto Nacional de Música, mas não se adaptou à disciplina dos estudos. Passou a ganhava a vida tocando violoncelo, piano, violão e saxofone nos teatros e cinemas cariocas.

Por volta de 1913, Villa-Lobos deu início à sua produção, já abordando os mais diversos gêneros musicais: "Suíte Floral Para Piano” (1914), “Danças Africanas” (1914), “Uirapuru” (1917) e “Canto do Cisne Negro Para Piano e Violoncelo” (1917), “Amazonas” (1917), entre outras. Realizou alguns recitais com suas obras, mas recebia crítica por suas inovações musicais.

Semana de Arte Moderna

Em 1922, Heitor Villa-Lobos fez sua estreia oficial na Semana de Arte Moderna, em São Paulo. Sua música moderna foi vaiada, mas o evento foi o início de sua projeção internacional como um criador original pela fusão dos ritmos folclóricos e populares com a música erudita. A crítica demorou a entender.

Em 1923, com 36 anos, financiado pelo governo, desembarcou em Paris, para mostrar seu talento, retornando em 1924. Em 1927 voltou à Europa, financiado pelo milionário Carlos Guínle. Nessas viagens, apresentou concertos de suas obras regendo importantes orquestras pelo continente.

O Trenzinho do Caipira

O auge da criatividade de Heitor Villa-Lobos se deu na década de 30, quando deu início à série das nove “Bachianas Brasileiras”, suítes para diversas combinações de instrumentos que expressam a afinidade entre Bach e procedimentos melódicos e harmônicos da música popular instrumental brasileira.

Em 1931, ao excursionar por 54 cidades do interior paulista, inspirou-se para compor “O Trenzinho do Caipira”, parte integrante da peça “Bachianas Brasileiras n.º 2”. A obra se caracteriza por imitar o movimento de uma locomotiva com os instrumentos da orquestra.

Ensino de Música

Durante a ditadura do Estado Novo (1937-1945), quando era obrigatório o ensino de música nas escolas, o maestro foi Secretário de Educação Musical e orientava os professores da rede pública sobre como ensinar música. Sob sua batuta, promovia apresentações de canto orfeônico que reunia estudantes em estádios de futebol.

Ressentido porque suas músicas eram pouco executadas no Brasil, Villa-Lobos costumava desabafar: “Não tive o justo reconhecimento em meu próprio país”. Depois da II Guerra, o maestro iniciou uma turnê pelos Estados Unidos e pela Europa, onde suas peças eram executadas no circuito dos mais prestigiados teatros.





As Bachianas brasileiras são uma série de nove composições de Heitor Villa-Lobos escritas a partir de 1930. Nesse conjunto, escrito para formações diversas, Villa-Lobos fundiu material folclórico brasileiro (em especial a música caipira) às formas pré-clássicas no estilo de Bach, intencionando construir uma versão brasileira dos Concertos de Brandemburgo. Ressalta-se, aqui, que o sufixo "-ana" é frequentemente usado nos títulos de obras musicais, como uma forma de um compositor prestar homenagem a um compositor anterior ou a um intérprete famoso. Esta homenagem a Bach também foi feita por compositores contemporâneos como Stravinski. Todos os movimentos das Bachianas, inclusive, receberam dois títulos: um bachiano, outro brasileiro.
São trechos famosos de Bachianas a Tocata (O Trenzinho do Caipira) quarto movimento da n° 2; a Ária (Cantilena), que abre a de n° 5; o Coral (O Canto do Sertão) e a Dança (Miudinho), ambos na n° 4.

A música  Trenzinho do Caipira, foi composta em homenagem a uma viagem que Villa Lobos fez pelo interior de São Paulo. Essa orquestra imitava os sons do movimento de um trem.
Enorme acervo
A obra de Villa-Lobos é vastíssima e dela só conhecemos uma pequena parte, quase a ponta de um iceberg. Na década de 1920, ele escreveria os Doze Estudos para violão, dedicados a Andres Segovia. O músico declarou que a obra representava, na literatura violonística, o que são os Estudos de Chopin para o piano. Nessa mesma década, aliás, ele escreveu obras capitais: além dos estudos, a série de Cirandas e Cirandinhas para piano, as Serestas para canto e piano e a revolucionária série dos Choros, ciclo de 14 obras (embora as duas últimas nunca tenham sido localizadas) para diferentes formações que vão do violão solo a orquestras gigantescas.
Já após retornar de sua segunda estadia em Paris (entre 1927 e 1930), Villa se dedica a outro ciclo fundamental, o das Bachianas Brasileiras. Ao mesmo tempo em que, colaborando com o governo de Getúlio Vargas, desenvolvia um inédito programa de educação musical da população por meio do canto orfeônico, escrevia essa série de obras, que buscavam unir a estética de Bach ao universo musical brasileiro. Para diferentes formações, as noves peças, escritas entre 1930 e 1945, utilizam canções folclóricas e urbanas e alguns de seus trechos estão entre os mais populares do compositor, como a tocata da Bachiana Nº 2, “O Trenzinho do Caipira”, e a “Ária (Cantilena)” da Nº 5.
Mas há muito mais. Com um catálogo que ultrapassa mil títulos, Villa-Lobos escreveu também óperas, concertos para violão, piano, violoncelo, 12 sinfonias, fantasias, música sacra, muita música de câmara – incluindo 14 quartetos de cordas –, diversas obras orquestrais, canções e outras peças essenciais para a literatura pianística, como o Ciclo Brasileiro, a Prole do Bebê e o Rudepoema.
Porém, nem todo desconhecimento acerca desse enorme acervo se deve apenas ao desinteresse do meio musical. Uma das principais dificuldades para interpretar a obra de Villa-Lobos reside nas partituras. Além de existirem peças ainda em manuscritos – o que faz com que sejam ignoradas por intérpretes e orquestras internacionais, que só tocam obras publicadas –, muito do que foi editado apresenta uma quantidade enorme de erros e precisa de revisão urgente. A Academia Brasileira de Música (ABM), criada pelo próprio Villa-Lobos em 1945, está tentando dar continuidade a um importante projeto nesse sentido. Num acordo com a Max Eschig, que detém os direitos de boa parte da obra sinfônica de Villa, a ABM realizará uma edição crítica das peças, revisando o material que está nas mãos da editora francesa. A Academia oferecerá o material revisado gratuitamente para a Max Eschig, que por sua vez cederá a ela a exploração de partituras de Villa na América do Sul.
Mesmo com tais dificuldades, a obra de Villa-Lobos tem ganhado cada vez mais atenção dos músicos nacionais e do mercado internacional. Uma importante iniciativa fonográfica nesse sentido foi a gravação integral da obra para piano do compositor (em oito CDs) pela pianista Sonia Rubinsky para o selo Naxos, distribuído para todo o mundo.
Nesta celebração motivada pelos 50 anos de morte de Villa-Lobos, é bastante animador perceber que esforços recentes como a recuperação de suas partituras, a gravação de suas obras e a revisão de sua biografia concorrem para fazer dele mais do que um nome explorado para fins esdrúxulos (como shoppings ou conjuntos residenciais) e esvaziado de seu real sentido: o de maior compositor que o Brasil já produziu.
                         O canto da nossa terra.

Bachianas Brasileiras, No. 1 for 'an orchestra of cellos' (1930), I. Introdução - Embolada









olha a ROSA AMARELA


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